Máquina dos desejos

O primeiro foi o desejo de poder derrubar alguém maior que eu só com a força do pensamento. Pensou, pumba! Caiu. Como meu sorvete espatifado na calçada depois que alguém muito alto e muito apressado passou por mim. Depois veio o desejo de voar, de ficar invisível ou atravessar paredes. Uma fase bastante marvel confesso. Desejo de ter visão de raio X como minha mãe, que sempre sabia quando eu estava mexendo no que não devia sem nem precisar ir até lá. O desejo de ler o pensamento dos outros (esse volta e meia até acontece). E o desejo de ser feiticeira, embora de certa forma, esse tenha se realizado. Pratico até hoje mas só funciona com gente que tem ervilhas no lugar do cérebro. Ou o desejo de ser duas, uma boazinha e adorável e outra endiabrada e ainda mais adorável. Até pelo desejo de mudar o mundo já passei. Ou estou me recuperando dele.

No fim, de tudo isso, ficou mesmo foi esse gosto amargo no céu da boca.

Ressaca?