quinta-feira, agosto 7

Drummonda

Sem imaginação?
Talvez.
Mas Carlos Drummond de Andrade, que não ama mais ninguém já que ele não existe mais, há de concordar que o mesmo ceticismo poético, se é que essa expressão existe em algum lugar, ainda está presente.
De minha parte, acho uma graça :D

Tem espinho na roseira; cuidado vai cortar a mão
Pedro Alcântara do Nascimento amava Rosa Albuquerque Damião
Pedro Alcantara amava Rosa, mas a Rosa não amava ele não
Rosa Albuquerque amava Jorge, amava Jorge Bendito de Jesus
E o Benedito, bendito Jorge amava Lina que é casada com João
E o João, João sem dente, amava Carla, Carla da cintura fina
E a Carla, linda menina, amava Antônio violeiro do sertão
E o sertão vai virar mar e o mar virar sertão

E o Antônio, cabra da peste, amava Júlia que era filha de Odete
E a Odete amava Pedro, que amava a Rosa que era cria de Drummond
E o Drummond era casado com Maria que era filha de Sofia, mãe de Onofre e de José
E o José era casado com Nazira que era filha de Jandira e comcubina de Mané
E o Mané tinha 17 filhos, 10 homens e 6 meninas e um que ia resolve
E o rapaz tava já na adolescência, tinha brinco na orelha e salto alto pra crescer
E o Rodolfo que já era desquitado era um homem mal amado e não queria mais viver
E encontrou Maria Paula de Arruda que lhe deu muita ajuda, fez seu coração nascer
E são essas histórias de amor que acontecem todo dia, sim senhor

Karnak
(infelizmente não achei o cd no caos da minha estante para conferir os compositores e os dois primeiros links do google tb não ajudaram muito)

2 comentários:

Alice disse...

Que coisa mais linda.
E sabe, bem o que eu precisava ler hoje!

Alice disse...

De fato, a salada do papai foi uma gracinha!