Primeira impressão

- Eita sujeito grosseiro, tapado e dissimulado.

Mas aí, a culpa (educação cristã, não me canso de amaldiçoá-la!) e a dissimulação necessária para equilibrar-se entre a náusea e o desejo por aprovação vão lhe empurrando desaforos, sapos, cobras e lagartos goela abaixo. Eu queria ter nascido Madre Tereza de Calcutá? Não é para tanto. Mas a coisa vai, os dias passam e você finalmente (con)vence sua primeira impressão:

- Até que o sujeito não é de todo mal.

Ó glória, glória, mais um passo em direção ao paraíso. Você se sente gente boa, quase feliz. Pensa mesmo: puxa, eu sou uma pessoa melhor agora. Orgulha-se de ter sido capaz de encontrar algo de bom em outro ser humano. Se comove. Se sente benevolente. Generoso. Não é uma sensação maravilhosa descobrir que você ainda é capaz de ser otimista, ver o lado bom das coisas, acreditar nas pessoas? É fantástico! É lindo! É mágico!
Ai que saco dona Ins-pirada, e daí?
E daí que você se fode! Como diria o Jonathan: não se iludam! O sujeito não só é mesmo todo mal, até a raiz dos cabelos, bem como vai te arrastar para o lodo nojento de que se alimenta junto com mais duas velhinhas atravessando a rua, uma criança abandonada e o Papai Noel com renas e tudo decretando assim o fim do Natal para sempre.

Quer saber? Já vai tarde! E tomara que uma nave espacial te leve de volta para o planeta-prisão de onde você fugiu!

(A propósito: continuo precisando de drogas)