terça-feira, setembro 19

4 caralhos

Eu sei. O texto é reformado.
Eu sei. Tá fatando um caralho.
Mas estou tão feliz por ter voltado aos anjos (de prata) que acho que vale a pena ver de novo.
Com trocadilho :D

Valeu, Beto.

O Tema: paixão voraz

Abri a porta e senti o “cheirinho de casa limpa” que prometem os comerciais de produtos de limpeza da televisão. Não consegui ver se o cheiro estava de acordo com a casa, pois mal bati a mão to interruptor escutei o “puf” e nada de luz. Estava cansada, gripada e enjoada e soltei um “caralho” com o “a” beeeeeem aberto, daqueles que enchem a boca, com perdão pelo trocadilho infame.

Andei as cegas pela sala, não sem antes tropeçar em duas cadeiras e bater a cabeça no batente da porta. Soltei mais um “caralho” e fui em frente. Para quem não sabe, achei que hoje o dia amanheceu tão lindo que merecia ser passado no PA tomando um sorinho “levanta defunto que amanhã tem que trabalhar!”. Somatização. Assim falou Cristiane. Minha terapeuta.

Tentei acender a luz do corredor e fui obrigada a mais um “caralho”. Puf. Nada. Mas será o Benedito ou o irmão dele? Consegui chegar ao quarto e jogar a bolsa em cima da cama e escutei um “huf” meio estranho. A luz acendeu.

_Nó! Que você está fazendo aí sentado feito assombração?
_Vim te ver.
_Ei! Como você entrou na minha casa?
_Entrando.
_Vai, vai levantando e tira o sapato do lençol!
_Pronto, pronto...
_Como você veio parar aqui? Como entrou?
_Na verdade eu não estou aqui.
_Como não! Eu to te vendo aí!
_Mas não estou. Ainda estou trabalhando. Liga lá pra ver.
_Ta me tirando...
_Sério! Liga lá!
_Ah, não enche...
_To falando. Vai, vem aqui. Isso. Pega o telefone.
_Mas to te vendo aqui criatura, quer me deixar doida?
_Liga. Vai, anda
_...
_Vai, porra!
_Alo? Quem ta falando? A claro, claro, se eu liguei pro seu celular. È, pois é. Ããã... e aí beleza? Não, nada não. Você ta trabalhando? Então, não quero atrapalhar. Não, nada não. Nada mesmo. Sério. É. Ok. Certo. Beijos, viu? Eu disse tchau. Até mais.
_Viu?
_Mas... é que... caralho!
_Só vim te ver. Tem se escondido ultimamente. Anda fugindo de mim.
_ É eu sei...
_ Agora vou indo.
_ É eu sei...
_ E vai lavar aquela louça que a pia está cheia de formigas.
_ É, eu sei.

Segurou-me pelo pescoço e me deu o beijo mais delirante que jamais fui capaz de desejar e me deixou plantada no meio do quarto assistindo atônita ele atravessar a parede em direção à rua.

Um comentário:

Anônimo disse...

Qui lôco! Qui isquisitu! Qui caráio!

Aliás, como encontro outros textos seus em "Anjos de Prata"?