A carne cobre os ossos. E em cima de tudo coloca-se uma consciência. Bem grande. As vezes uma alma pequena, se valer a pena, mas a coisa se sustenta bem sem essa perfumaria. Alimente-a, lhe conte histórias absurdas e lhe imponha proibições de bom senso. Misture tudo e mande a criatura aos lobos. Se cair de pé é gato!
Vigie para que durante o processo lhe seja oferecida uma boa dose de oportunidades de escolha entre prazer e dever. Mesmo que a carne que cobre os ossos procure apenas outra carne. Mesmo que a alma pequena que habita a carne que cobre os ossos procure apenas por espelhos (toda a alma é Narciso em certa medida). Se acontecer, que o prazer seja apenas resto residual da combustão moral e nunca a força motriz de qualquer ação.
Isso deve bastar para que se tenha ao fim do processo um ser humano mais ou menos sensato. Capaz de fazer todas as escolhas corretas e esperadas. Bastante previsível e aprovável. Que provoque nas pessoas o incontrolável desejo de aquiescer discretamente com um movimento de cabeça e um sorriso idiota.
Por certo, infeliz. Mas sensato.
(Um dia desses ainda mato a família e vou ao cinema)
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