Estava tentando explicar para uma amiga querida porque diabos havia tatuado rosas na perna, uma coisa tão menininha e que, segundo ela, definitivamente não combinam comigo. Recebi como resposta à explicação:
"Eu acho que é culpa da Neiva por ela ter te deixado de castigo, e
ainda ter te esquecido lá, sentadinha num banco olhando pra parede em
um canto da sala. Sabe se lá as "idéias" que as paredes trocaram com
vc. Por acaso vc não ouvia vozes, ouvia?"
E eis a explicação:
Uma bela criança, uma menina branquinha de bochechas vermelhas, cabelo escuro e escorrido cortado a lá tijelinha. Quase uma promessa de Branca de Neve, de tão linda. Era verão, e no pátio do Centro Educacional SESI Vila Leopoldina todas as crianças estava em fila para prestar homengens para a diretora que fazia aniversário, ou ia se aposentar ou qualquer outro motivo idiota que se usa pra juntar criannças num pátio debaixo de um sol inclemente sem serem denunciados por mals tratos.
E lá estava a bela criança de cabelo tijelinha, de saquinho cheio, segurando uma rosa que deveria ser dada à diretora num determinado momento muito importante que ela não sabia bem qual era mas que a professora ia dizer. Aliás, cada criança segurava uma rosa. Vermelha. Debaixo daquele sol. Espero que o sistema de educação infantil tenha evoluído um pouco de lá pra cá. E, a bela criança, suada, irritada com o sol e com aquele momento importante que não chegava nunca, espetou o dedo no espinho. Prática como fora desde que nasceu, arrancou todos. Um por um. Um pouco pra matar o tédio, um pouco de raiva mesmo. E discurso vai, discurso vem, em certo momento a diretora diz algo como: "Muit obrigada minhas (minhas o caralho, sou da minha mãe!) crianças por essa doce homengem, vcs tão pequeninos, que espetaram suas mãozinhas nos espinhos... e blá blá blá"
E blá blá blá porque a bela criança não ouviu mas nada. Só seus colegas dizendo: "Rá rá rá, vc tirou os espinhos da sua rosa! Rá rá rá". Indiginada com tanta burrice ao seu redor a bela criaturinha, num acesso de fúria, começa a gritar: "Vocês não sabem o que é uma metafora seus burros? Me-Tá-Fo-Rá!"
E o resto é lenda. Dizem que a professora teve que intervir com a ajuda do zelador pois a bela criança de cabelo tijelinha já estava mordendo a canela de um amiguinho. Outros dizem que ela furou os olhos da professora com o cabo da rosa. A verdade verdadeira nunca será conhecida.
Um comentário:
Olá minha xará de blog, tempos que não nos falamos... meus parabêns pelos textos, realmente é um prazer lê-los, tenha um ótimo final-de-semana e até mais.
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